



Somos 5 a viajar. Podíamos viajar sozinhos, quero dizer, sem crianças, mas a verdade é que o facto do meu pai me ter proporcionado tantas viagens fora da caixa e a minha mãe ter sempre cedido a enviarem-me para fora, sozinha, desde os 10 anos, para escolas para aprender inglês e francês, no verão. Acabei por ser uma viajante tão apaixonada que não há dia que não olhe para preços de viagens.
Não há como não querer mostrar às minhas filhas que o mundo é a maior escola da vida. Umas portas abertas para a liberdade, para o sonho, para a aventura. Entre os textos que vou escrevendo durante o ano, as reservas, os contactos e os mil e um projectos que invento, acabo sempre por ir, quase todos os dias, ver os preço das viagens.
Às vezes são comboios, dormidas em barcos ou qualquer outra saída possível, urgente, da rotina. Vejo, também, muitas vezes, o preço dos voos sem destino, simulando datas e vendo para onde, no mundo, se viaja mais barato, naquele dia.
Tenho recebido algumas mensagens a perguntar como fazemos? Como viajamos com as três crianças? Como fazemos para que seja possível?
Como não é um inferno ? Como se torna viável financeiramente? A Alice viaja desde os 20 dias. Tinha ela 20 dias e já andava em Marrocos. E nunca mais parámos. A Maria do Mar tinha três meses e já foi tarde! Aos cinco anos, a Alice, hoje, enfrenta 35 horas de escala com um livro na mão de pinturas e brinca horas sozinha mas o início não foi fácil.
Quando a Maria do Mar e o Bernardo se juntaram na mesma casa, tinham quatro anos. Eram ambos filhos únicos e mediam até o tapete do quarto! Com a mesma idade pareciam gémeos mas não eram irmãos e o que hoje são, de tão amigos, e agora sim parecem gémeos, irmãos, têm até o mesmo grupo de amigos, e enfiam-se no quarto um do outro, até às tantas, até chegar aqui …foi um caminho duro!
Muitas vezes questionei se iria aguentar a competição, as guerras em casa, nas viagens, mas… hoje conseguimos rir-nos do inferno que foi e estamos aptos a dizer: não desistam!
Gastamos o dinheiro que temos em viagens e em projectos. E na escola. Já vivemos um bocadinho de mudanças. Já nos atirámos sem rede. Já arriscámos e vamos continuar a arriscar e isto constrói miúdos sem medo.
AS MALAS DE CADA UM …CADA UM CARREGA…
Quando viajamos cada um faz a sua mala. (Até a Alice faz). No fim só vejo se vai viajar sem cuecas ou sem fatos de banho e as malas que cada um leva, cada um carrega. Não há cá mordomias ou bebés.
Passo o ano a dizer: “não comes isso não vais à índia, ou não vais a um lugar qualquer…“(às vezes não funciona porque a Alice lança um: também não quero ir à india!)” mas a verdade é que as viagens e a liberdade os faz crescer.
Faz saber o que querem e o que não querem. Faz com que tenham opinião. Não temos medo do tempo dos voos, das escalas e como somos 5, para se tornar viável viajar tanto, temos de viajar com escalas mas isto ensina muito e eles sabem por que viajam com escalas.
No ano passado fizemos uma viagem incrível para o Camboja onde passámos o Natal e o fim do ano, 14 dias, com eles, as malas e um mapa.
Desenhámos a viagem de forma a que fosse possível e passaram de hotéis para cabanas na Praia, onde não havia água quente, porque na ilha ainda não havia água quente! Foi uma aprendizagem mas no segundo dia já ninguém se queixava!
A palavra de ordem é Levá-los. Levar à Disney com um ano e meio. Todos diziam que não fazia sentido. Ela foi. A mais velha. E a mais nova. Mais tarde. Também com pouco mais de um ano.
Molda-lhes a forma de estar na vida. Dá-lhes magia e fantasia. Cores. Música. Dá-lhes outros mundos. Dá-lhes integração. Aceitam a diferença. Sabem lidar com ela.
Aos 10 anos a Maria do Mar viajou sozinha. Foi. Ultrapassou os receios. Foi para Londres. “Well done girl”. Aos 11 foi sozinha para o Canadá. Certa do que queria. Um mês sem falar com os pais. Com o CISV. Amou! Foi tão feliz! Fez amigos, do mundo inteiro, com quem ainda hoje fala!
Isto de viajar transforma-os, molda-os. Claro que é mais fácil não irem. Claro que para nós seria muito mais fácil não os levar. Claro que pouparíamos imenso dinheiro mas o dinheiro é mesmo para gastar!
O DINHEIRO É PARA GASTAR!
E nós juntamos mesmo para gastar. Why not? Para lhes dar experiências. Para vivermos experiências. Para contar a nossa história e partilhar!
Gostamos de sair para longe e para perto. Viajar cá dentro. O nosso país também é lindo! Autocaravanas, tendas, Barcos, turismos, casas… no fim do mundo, no nosso país.
Vão. E levem-nos. Na verdade estamos a mostrar-lhes que podem fazer tudo o que querem. Com pouco ou muito dinheiro podemos ir. Hoje em dia podem ser o que quiserem. Está tudo à distância de um clic. Podem trabalhar o tempo que querem consoante o dinheiro que querem juntar. Podem ser livres. Nós sentimo-nos muito mais livres hoje. Só espero que isto que queremos passar para eles lhes fique generosamente no adn.
E confiem no instinto. Vão. Atirem-se. Partam à aventura. É mesmo a melhor coisa do mundo! Quando passarem por Grândola ou no alentejo, visitem-nos e escrevam-nos. Venham conhecer-nos!
Não gosto deste género de férias mas compensa e não dá trabalho!
A começar pela pulseirinha. Depois pela necessidade constante dos operadores fazerem reuniões no hotel para informar que os países não são seguros e que mais vale prevenir e pagar 100 euros por pessoa para cada visita. Enfim…
… alugámos um carro e traçámos um plano! Fomos à descoberta de Chichen Itza, os cenotes e as praias fora do condomínio fechado do hotel de 5 estrelas.
Se me perguntarem onde queria ter ficado? Tulum. Junto ao mar. Naqueles hotéis pequenos ou cabanas em frente à praia. Procurem “Be Tulum”, se não levarem miúdos, ou qualquer outro hotel à beira-mar. Depende de quanto quiserem gastar.
Tulum Pueblo – Longe da praia. Com hotéis mais simples e mais baratos, porém com energia elétrica, provavelmente, mais rede de telefone e Internet, água doce etc.
Zona beira-mar – Com cerca de 15kms de extensão de praia. Areia branca e dezenas de hotéis rústicos e cheios de charme. A maioria dos hotéis utiliza geradores e muitos são confortáveis. Na rua atrás da praia (Carretera Tulum-Boca Paila, onde ficam as entradas/recepções dos hotéis), nasceu uma estrada/pueblo cheio de lojinhas e restaurantes. Não há dúvidas de que é aqui, à beira-mar, que eu recomendo.
O que não perder
Cenotes
Acho os cenotes uma das coisas mais incíveis do México!
O Cenote Ik’Kil, pertinho de Chichen Itzá tem muita gente, perto de Tulum, não percam. o Cenote Dos Ojos, muito diferente.
O Cenote Dos Ojos é um sistema de cavernas submersas. São cerca de 60kms de extensão, o que faz do Dos Ojos uma das dez mais longas cavernas submarinas do mundo. O nome foi dado devido ao formato do lugar que parecem dois olhos conectados por rios subterrâneos.
O cenote em Hubiku tem muito menos gente. Por ser menos conhecido acabámos por ter uma piscina linda debaixo de terra, quase só para nós.
Bahia Principe Tulum
É um “all inclusive” junto ao mar. Com tudo o que tem de bom e de mau. Não esperem uma praia paradisíaca. Não é. Mas é água quente e azul, com ondulação e uma variedade de desportos. Tem kids Club para quem gosta de deixar os miúdos fazer amigos e experimentar ter uma hora ou duas de paz. Os nossos adoram. Há horários com imensos desportos ou seja eles podem escolher o que lhes interessa fazer e ir nesse horário, apenas. Será sempre um hotel de pulseirinha onde as agências de viagem tentam convencer-nos que é perigoso sair os portões.
Comida no hotel
Boa. Buffets completos. Três espaços diferentes, sendo que um é junto à praia. Os miúdos adoram e dá-nos paz ter tudo pronto e ser só sentar e conversar.
Quanto aos restaurantes, fora do buffet tradicional, há vários e pareceram-nos óptimos, mas é preciso reservar. Marquem mesa para o Mexicano e o Asiático, no dia em que chegarem. Não percam, porque quando se lembrarem de marcar mesa já estão esgotados para a semana inteira. Nós conseguimos ir aos dois!
Mundo animal
Se quiserem tentar cruzar-se com dragões de Komodo não precisam de marcar hora porque eles estão por todo o lado no hotel e, a verdade, é que não se metem com ninguém. Tentem não meter-se com eles.
Xcaret: Experiências mágicas com rios subterrâneos. Fauna da selva Maia e espetáculos inesquecíveis.
Xel-Há: É um parque ecológico onde a água de um rio se une ao Mar do Caribe. É conhecido como o maior aquário natural do mundo. O parque foi premiado com o título de Maravilha Natural do México, em uma chamada nacional recente.
O que não perder
A Zona Arqueológica de Chichén Itzá (chichenitza.inah.gob.mx/).
Abre todos os dias das 08h00 às 17h00. O custo por pessoa é de 220 pesos, menos de 20 euros por pessoa. Não comprem os pacotes das agências de viagens. Chegam a cobrar 70 euros por pessoa. Não vale a pena. Mais vale alugar um carro e ir. A 200 kms de Cancun, há visitas guiadas em português cobradas separadamente e que duram duas horas. Os bilhetes podem ser comprados à porta. Fomos no carro que alugámos no hotel. No Verão, levem creme e protector solar.
Em 1988, Chichén Itza foi incluída na lista dos Patrimónios da Humanidade da UNESCO.
No regresso parámos em Valladolid, uma cidade de arquitetura colonial. Parámos para lanchar. Não é paragem obrigatória, mas soube bem estar numa cidade onde se sente o peso do passado.
E de resto? De resto, não fizemos nada. Como umas boas férias que prometem descanso. Tivemos tempo para os miúdos. Brindámos a dois. Demos-lhes espaço. Tivemos espaço, fizemos um chim chim à vida e prometemos voltar ao México para umas cabanas na areia, em frente ao mar.
O que visitar
A poucos minutos da Riviera Maya, Cozumel é considerado um dos melhores lugares de mergulho do mundo. Água transparente e quente. Com muita pena nossa, estava a chover e muita ondulação no dia que tinhamos previsto fazer este passeio.
PUERTO VALLARTA – a não perder
Playa de Amor
A 35 kms de Puerto Vallarta estão as Ilhas Marietas, que abrigam a maravilhosa Praia de Amor ou Hidden Beach. O arquipélago tem uma praia que fica dentro de um buraco, formado pela erosão de atividades vulcânicas, há muitos anos. É visitar e aproveitar para mergulhar nestas águas.
QUANDO IR
Uma média de 240 dias de Sol por ano. A média anual de temperatura ronda os 24° C.
A temporada de furacões começa em Agosto e segue até Outubro.
A melhor época para viajar é entre Dezembro e Abril. Já em maio, o clima é mais fresco. Nós fomos em Junho e, se choveu, quase não demos por nada.